
De um lado, temos a Marta, Designer Sénior. Do outro, o Francisco, Marketing Specialist. Pedimos-lhes que refletissem sobre como a Inteligência Artificial está a transformar a Mush. Será que a IA veio para substituir a criatividade humana ou para complementar e amplificar o nosso trabalho? Ou será que a verdadeira inovação está em encontrar o equilíbrio entre tecnologia e humanidade?

Marta Valente Designer Sénior
Sou designer, e como qualquer designer apaixonada, sei que criar é muito mais do que combinar formas e cores. Criar é sentir, é intuição, é mergulhar no contexto. Por isso, quando a IA começou a entrar nas conversas do dia a dia, confesso que senti um nó na barriga. Parecia que algo que fazia parte de mim estava a ser substituído, ou pior, descartado. Ver um layout bonito gerado pelo MidJourney ou um conceito produzido pelo ChatGPT pode parecer inovador. Mas onde está a intenção? Onde está a alma?
Recentemente, o mundo criativo ficou em alvoroço com as imagens “estilo Ghibli” geradas por IA. As imagens que circularam, tanto em perfis pessoais como em contas de negócios, eram sem dúvida estéticas. Mas eram só isso. Bonitas. Sem alma, sem narrativa, sem propósito. Sem a melancolia silenciosa que faz um filme do Miyazaki tocar-nos profundamente. A IA pode replicar o estilo, mas não pode compreender a essência.
Foi nesse momento que percebi: a IA não é o problema. O problema é esquecermos que criar não é apenas gerar algo automaticamente. Criar é um meio de expressão, uma comunicação que, ao espelharmos as nossas experiências, vivências e o nosso olhar sobre o mundo, resulta em algo único, criativo e original.
Na Mush, decidimos usar a IA com critério. Criámos processos, oferecemos formação à equipa e, acima de tudo, mantivemos espaço para a dúvida, o erro e a decisão humana. Porque, aqui, a IA inspira, mas somos nós que a orientamos.
Francisco Moreira Marketing Specialist
Sou marketeer, e sei bem o que é escrever briefings que, no passado, geravam debates criativos vibrantes com os nossos designers. Hoje, muitas vezes, a conversa começa com “Tens uns prompts giros para isso?”. E confesso que também me senti substituído.
Mas depois pensei: será que isto não nos obriga a trabalhar de forma mais colaborativa? A usar a IA como uma ponte em vez de uma barreira?

Na Mush, a IA não nos afastou. Pelo contrário, aproximou-nos. Adotamos a regra dos 80/20: 80% do nosso tempo é dedicado a pensar, a planear, a debater; 20% é dedicado à execução com ferramentas como o MidJourney e o ChatGPT. E o resultado? Estratégias mais afiadas, visuais mais impactantes e ideias mais ousadas.
A IA deu-nos tempo. E com tempo, veio mais espaço para pensar melhor, questionar mais e criar com mais intenção.
IA vs. Humanos? Não! Há IA com Humanos.
Na Mush, acreditamos na colaboração: entre departamentos, entre pessoas, entre ideias. E agora, também com a tecnologia. Porque, no final, não adianta gerar imagens ou textos em segundos se não soubermos o que queremos comunicar. O que nos distingue não é a ferramenta. É o porquê. É o sentido. É a vontade de fazer melhor, com mais propósito e mais humanidade.
À medida que a IA avança, será que estamos a perder a essência da nossa própria criatividade, ou estamos apenas a descobrir novas formas de a expressar?