As redes sociais revolucionaram a forma como nos conectamos com o mundo e nos expressamos no online. Mas, à medida que o debate sobre o seu impacto cresce, surge uma pergunta pertinente: qual a responsabilidade das empresas e profissionais deste mercado?
O uso generalizado de smartphones, assim como o tempo cada vez maior que passamos nas redes sociais, tiveram impactos significativos no nosso comportamento e na nossa perceção de nós mesmos e dos outros. Tal é revelado num estudo recente, realizado pela Dove em parceria com a Mental Health Europe, que sustenta que os jovens estão cada vez mais dependentes das redes sociais. Em Portugal, foram inquiridas 1200 pessoas, sendo que, destas, 700 eram jovens dos 10 aos 17 anos, e as restantes pais. Nos oito países que fazem parte deste estudo, nove em cada dez jovens revelaram que aderiram às redes sociais com 13 anos e mais de metade admitiu que a vida social e a vida real estão interligadas. Mas não ficamos por aqui: no nosso país, 86% dos jovens admite estar viciado nas redes sociais, face à média europeia de 78%. Além disso, oito em cada dez diz preferir comunicar pelas redes sociais, em vez de pessoalmente, e considera que estas são uma parte de si mesmos.Esta realidade faz com que seja necessário ressaltar que as redes sociais podem influenciar negativamente a autoestima, causar ansiedade e contribuir para uma procura incessante por validação através de likes e seguidores.86% dos jovens admite estar viciado nas redes sociais
Enquanto profissionais que atuam neste mercado, deparamo-nos muitas vezes com a dicotomia entre o nosso trabalho e as nossas preocupações pessoais em relação ao uso das redes sociais. Embora possamos criar estratégias eficazes para os nossos clientes, muitas vezes mantemos conversas pessoas, com amigos e família, sobre os efeitos negativos desta "epidemia das redes".
Por termos um papel ativo, entendemos que é hora de questionar a nossa responsabilidade como players neste mercado. Devemos alertar os nossos clientes sobre a possibilidade de estarem a alimentar estereótipos, promovendo uma sociedade consumista e individualista e contribuindo para discursos negativos?
Acontece que a principal dificuldade em alinhar as nossas preocupações pessoais com as nossas ações profissionais é precisamente a procura de uma alternativa prática para os nossos clientes. Acreditamos num mundo com menos dependência de dispositivos eletrónicos e internet, mais conexão pessoal e uma valorização da saúde mental, mas também compreendemos que as marcas necessitam de alcançar os seus objetivos comerciais usando as ferramentas que têm atualmente à disposição.
Estas são algumas questões que nos ajudam diariamente a orientar as nossas ações:
O cliente é responsável? (ecológica ou socialmente ou noutro campo?)
O nosso cliente procura fazer a diferença ou tornar o mundo um local melhor?
O que estou a ajudar o meu cliente a comunicar contribui de alguma forma para agravar estereótipos, fomentar discursos negativos ou potenciar comportamentos nocivos?
Acredito no potencial do produto do meu cliente?
O cliente está a produzir algo que não acrescenta valor ao mundo só para ganhar financeiramente?
Estas perguntas podem ser verdadeiramente desafiadoras, mas é importante não responder rapidamente com um "não". Estamos todos condicionados pela cultura, educação e pelas redes sociais, e construir um olhar crítico sobre o que produzimos é um processo contínuo.
Por último, importa respondermos a uma última pergunta: